Petrópolis – Os Desafios do Futuro – Parte 2

por Fernando Varella – Economista e Vice-Presidente da NovAmosanta
[publicado na Tribuna de Petrópolis em 01/11/2016]

Na primeira parte deste artigo, comentamos a queda contínua de Petrópolis nos diversos rankings dos municípios brasileiros. O município figurava entre os 50 mais importantes, na década de 80, segundo o Ministério do Interior. Em 2013, segundo o IBGE, na última listagem disponível sobre os PIBs municipais, o nosso município figura na 90ª. colocação. Não é que Petrópolis não tenha avançado nos últimos 40 anos, mas, muitos outros municípios avançaram muito mais. Essa situação é resultado de um certo imobilismo, no uso de instrumentos e métodos utilizados pela administração municipal, responsável pelo menor desenvolvimento do nosso município, comparativamente aos outros que avançaram mais. Petrópolis não tem buscado caminhos inovadores, identificando modelos exitosos de outros municípios, como contribuição para acelerar o nosso desenvolvimento econômico e social.

O município deveria aproveitar melhor sua localização estratégica, cortado por uma das mais importantes rodovias do país, a BR-040, a proximidade com a cidade do Rio de Janeiro, capital do segundo estado mais importante da Federação, clima privilegiado, Mata Atlântica preservada, tradição histórica e uma das regiões mais bonitas e agradáveis do país, transformando esses ativos em ferramentas para atrair negócios e investimentos. A administração municipal, também, não tem sabido aproveitar a presença de muitos importantes empresários do país, que tem casa de veraneio na região de Itaipava, todos interessados no nosso futuro. Um exemplo desse interesse é o projeto da NovAmosanta de Inventário Ambiental da região dos Distritos, que tem sido custeado por contribuições de um grupo de empresários com vínculos com Itaipava e região.

Acresce, ainda, o fato de que, nos últimos anos, a falta de um planejamento estratégico, com visão de futuro, especialmente com ênfase na região dos Distritos e a ausência de planos de governo para a região, têm sido identificados pelas lideranças empresariais locais, como lacunas importantes e fundamentais para o desenvolvimento do município. Muitas questões com relação ao futuro da região, até hoje, encontram-se sem resposta. Por outro lado, orçamentos municipais reduzidos (há 3 anos o orçamento da Prefeitura está patinando no patamar de R$ 800 milhões), tem uma inexpressiva participação da receita própria (75% da receita orçamentária da Prefeitura é oriunda de transferências constitucionais da União e do Estado).

Do mesmo modo, outras fontes de receitas, normalmente utilizadas pelos mais importantes municípios do país, não tem expressão no orçamento da Prefeitura de Petrópolis, como as receitas extraorçamentárias, oriundas de operações de crédito e financiamento e de repasses de outros entes da Federação. Como comparação, temos a Prefeitura de Blumenau, com população próxima a de Petrópolis e com condições físico-territoriais semelhantes, cujo orçamento para 2016 é de R$ 2,5 bilhões, três vezes maior do que o do nosso município.

Como resultado, o nível de investimentos da Prefeitura de Petrópolis é muito baixo, com recursos limitados e despesas de custeio crescentes. Por causa disso, a administração municipal não tem conseguido atender, adequadamente, os sérios problemas locais de infraestrutura, mobilidade urbana, coleta domiciliar de lixo , manutenção e limpeza das vias públicas, habitação popular, saneamento básico e falta de qualidade nos serviços de educação e saúde.

Petrópolis – Os Desafios do Futuro – Parte 1

por Fernando Varella – Economista e Vice-Presidente da NovAmosanta
[publicado na Tribuna de Petrópolis em 21/10/2016]

Desde quando ocupei o cargo de Secretário de Fazenda, da Prefeitura de Petrópolis, na primeira gestão do prefeito Paulo Gratacós, tenho a curiosidade de acompanhar a posição da nossa cidade, nos diversos rankings dos municípios brasileiros. Nos anos 60,  o Ministério do Interior situava o município entre os 50 mais desenvolvidos do país, fora as capitais. Do mesmo modo, na mesma época, Petrópolis fazia parte da lista das 20 maiores prefeituras do país, em arrecadação, fora as capitais Já na década de 80, o  município integrava o rol dos 50 municípios mais importantes, em termos de PIB, segundo dados do Ministério do Planejamento.

De acordo com o IFDM – Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal, ranking criado em 2005, pela FIRJAN-Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro, para avaliar o desenvolvimento dos municípios brasileiros, Petrópolis ocupava em 2011, a 362a. colocação no país, com o índice de 0,7961,. Em 2012, a nossa colocação caiu muito, descendo para a 463º. lugar, com o índice de 0,7940. No ano seguinte, 2013, o índice de Petrópolis caiu novamente, para 0,7904, com o  município descendo para 531ª. colocação. O IFDM tem como base de avaliação, a performance dos municípios na geração de emprego e renda, na saúde e na educação. Segundo a Firjan, a nossa colocação tem caído, principalmente, em função da geração de emprego e renda.

O posicionamento de Petrópolis na 531º. lugar entre os municípios do país, não é uma posição honrosa, muito pelo contrário. O município tem avançado no seu desenvolvimento, mas a verdade é que muitos outros municípios têm avançado muito mais. Para tanto, basta compararmos os índices da nossa cidade com os de muitos municípios de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, estados que abrigam a maioria dos 500 municípios melhor colocados na pesquisa da Firjan. A cultura da nossa administração municipal não é de olhar para o desempenho dos outros municípios, assimilando experiências exitosas, mas, sim, de ficar, se auto-elogiando pelos supostos grandes resultados locais alcançados. Malgrado, as iniciativas desburocratizantes e de desoneração tributária da atual administração, as quais induziram a criação e/ou legalização de um número expressivo de empresas, essas medidas não foram suficientes para resolver o problema do grande número de desempregados no município, nem para reter, na região, os milhares de jovens que a cada ano, deixam a cidade em busca de melhores oportunidades e da realização de seus sonhos de vida. Acresce, ainda, que se não fosse computada a fortíssima participação da GE/Celma no PIB de Petrópolis, as estatísticas revelariam uma forte queda na geração de bens e serviços produzidos pela economia do município, nos últimos anos.

São várias as razões do forte desenvolvimento de muitos municípios brasileiros. A principal é o uso da criatividade na busca de instrumentos inovadores, na geração de receitas e na realização de investimentos em parceria com outros níveis de governo e com o setor privado. Algumas administrações municipais resolveram apostar na utilização das ferramentas tecnológicas, na busca de um novo modelo de desenvolvimento, tal como difundido pela ANPROTEC, a associação nacional de polos e parques tecnológicos, através do programa Empreendedorismo Inovador, bem como no estímulo à criação de polos tecnológicos. É o caso de Jundiaí, São José dos Campos, Londrina, Uberlândia, Caxias do Sul, Santa Rita do Sapucaí, Campina Grande, Blumenau, Juiz de Fora, São Carlos, Ribeirão Preto, Joinville, Novo Hamburgo, entre outros municípios que conseguiram expressivo crescimento no seu PIB.

IFDM: http://www.firjan.com.br/ifdm/
AnproTec: http://anprotec.org.br/site/